Muito
bem, chegamos novamente neste assunto: os videogames.
Bons ou maus, entretenimento ou ameaça pública
(será que já chegaram nesse nível?)?
Parece brincadeira mas é coisa séria. A discussão
sobre esses brinquedos já aqueceu e provavelmente
aquecerá muitos debates. De um lado, temos os
que falam mal (a maioria não sabe do que está
falando), de outro, aqueles que jogam e programam
os jogos.
Lembremos
que tudo que é desconhecido pelo homem ele teme.
Assim é com os videogames. Como a maioria que
critica é formada de adultos e idosos que não
tiveram ou mal jogaram videogame na infância,
é de se esperar que o ataque venha daí.
Temos
um exemplo simples: nossos avós que fazem o
possível para se manterem o mais longe do computador.
Por que isso acontece? Talvez porque não seja
da geração deles. Apesar de tudo, virão os mais
variados e inusitados argumentos a respeito
dos malefícios do videogame. Estimulam a violência,
fazem apologia ao sexo, entre outros, mas estes
são os mais importantes. Não adianta apresentar
como argumento o fato de os videogames estimularem
à violência e ao sexo. E a TV? E os filmes violentos?
E a banheira do Gugu? A TV é bem pior neste
caso.
A
base familiar é mais importante do que o fato
de a criança ou o adolescente ser violente devido
aos videogames. A família forma a estrutura
do indivíduo. Aqueles que não têm uma boa base
são suscetíveis aos vários fatores externos
(violência, drogas etc.) mais facilmente. A
violência maior vem de fora, das ruas. Os que
são marginalizados, são muito mais violentos
quando comparados aos jovens de classe média
à alta. O marginalizado não tem acesso aos jogos
e são violentos. E aí?
Existem,
sim, jogos que exageram na violência. Estes
merecem maior cuidado. Existe também o fator
psicológico, que é muito importante, pois é
aí que mora o perigo. Já foi afirmado que os
assassinos acusados de matarem por causa dos
jogos eram mentalmente deturpados. Porém, os
adolescentes normais não têm problemas com jogos
violentos. O problema é com as crianças, que
ainda não têm idéias bem formadas. Elas precisam
de um acompanhamento familiar maior, pois o
mundo delas é quase que 50% de fantasia. Quem
nunca ouviu histórias de crianças imitando o
Super-Homem e saltando pela janela do prédio
tentando voar? Mesmo assim, há pesquisas e psicólogos
que dizem que as crianças de cinco, seis anos
já sabem distinguir o real da fantasia. Ao invés
de culparem o videogame, que hoje é o bode expiatório,
deveriam focar na raiz dos problemas. Não haveria
tanta criminalidade e violência se houvesse
uma condição melhor de vida para todos.
Com
relação ao conteúdo dos jogos, a maioria possui
um selo que fornece informações sobre o conteúdo
e a idade recomendada para aquele jogo. Cabe
aos pais controlarem o tipo de jogos que os
filhos terão. Também não venham me dizer que
os games tiram da criança a brincadeira saudável
ao ar livre e dos esportes. Que eles deixam
a criança presa em casa sem se relacionar com
amigos e sem praticar atividades físicas. Vai
dizer então que os patinetes sumiram do mundo?
E a mania dos skates também? O papel de por
a criança no esporte é dos pais, eles devem
incentivar a prática. Não tem essa de "Meu filho
não se interessa, prefere os jogos eletrônicos",
se ele (o filho) diz isso, é responsabilidade
dos pais que não se preocuparam em manifestar
na criança a vontade pelo esporte. Mesmo que
fique só em casa, a criança ainda vai à escola,
e lá com certeza tem amigos e provavelmente
esses amigos também têm videogame, o que faz
deste um assunto a mais na conversa, propiciando
o convívio social, pois possivelmente haverá
trocas de jogos ou competições na casa de um
amiguinho.
Não
há uma razão tão grande assim para condenar
os jogos. Acabem com os cassinos que fazem vários
viciados perderem os salários. Acabem com a
corrupção que assola o país. Mas não, é mais
fácil culpar o menos conhecido. Estão sempre
querendo acabar com a diversão dos jovens (será
que é porque não podem ter ou têm medo?). Não
sei por que insistem em querer que as crianças
de hoje brinquem como eles brincaram. Dá um
tempo! Quantos anos faz desde que os pais da
criança eram crianças? Muitos. O suficiente
para a tecnologia saltar na evolução. O conceito
atual de diversão, entretenimento é outro, assim
como o conceito de comunicação (Internet).
Quem
condena o videogame, provavelmente nunca jogou
um jogo na vida, ou não tem coordenação motora
nos dedos. Na maioria são pessoas idosas que
não têm mais nada de útil para fazer (pelo menos
são os que mais criticam os jogos nas entrevistas).
Não há só idosos: senadores desocupados e indivíduos
mal-informados-em-geral também fazem parte dos
antivideogame. Mas a TV também teve seus altos
e baixos e como a indústria dos jogos não pára
de crescer... O jeito é esperar até o bode expiatório
passar a ser outra coisa. Talvez uma tecnologia
mais nova e mais "amedrontadora".
Demétrio
A. de Paula
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