Inove ou morra? Ou inove e morra? (por Raúl Candeloro )
Criou-se
uma
mentalidade
de
que
a
inovação
é
divertida
e
desejável
(coisa
de
gente
inteligente),
enquanto
que
o
trabalho
rotineiro
é
chato
e
pouco
valioso
(trabalho
braçal).
Tom
Peters,
por
exemplo,
infernizou
a
vida
de
todo
mundo
dizendo
que
todos
nós
devemos
inovar
o
tempo
inteiro.
Obviamente
isso
é
impossível
de
fazer,
e
até
destrutivo,
mas
mesmo
assim
tem
gente
preocupada
porque
passou
24
horas
sem
ter
uma
idéia
genial. Segundo
Robert
Sutton,
professor
de
administração
em
Stanford,
ao
invés
de
pensar
“Inove
ou
morra”,
algumas
pessoas
deveriam
pensar
“Inove
e
morra”,
porque
muitas
novas
idéias
e
práticas
são
simplesmente
péssimas,
e
muitas
das
idéias
e
práticas
antigas
são
muito
boas
–
é
por
isso
que
sobrevivem
até
hoje. Entretanto,
também
não
podemos
ficar
estacionados
no
tempo,
enquanto
os
concorrentes
melhoram.
O
que
precisamos,
então,
é
descobrir
um
jeito
de
criar
novas
idéias
que
sejam
realmente
produtivas.
Acontece
que
muitas
pessoas
falam
que
querem
inovação
e
criatividade
dentro
da
empresa,
mas
não
querem
mexer
nos
seus
preconceitos
nem
mudar
sua
forma
de
trabalhar. Criatividade,
já
disse
um
pensador
,
é
olhar
o
que
todo
mundo
olhou
e
ver
o
que
ninguém
viu.
Para
conseguir
essa
visão
diferenciada,
precisamos
de
gente
nova
ou
gente
diferente
na
empresa.
Infelizmente,
com
grande
freqüência
encontramos
nas
empresas
pessoas
com
perfis
muito
parecidos
e
visões
parecidas
do
mundo,
da
concorrência,
do
mercado,
etc.
Pela
minha
experiência,
pessoas
contestadoras
duram
pouco
em
empresas
brasileiras.
Afinal,
somos
treinados
desde
a
infância
a
aceitar
o
que
nos
dizem
e
não
questionar
muito. Mas
precisamos
de
mais
gente
questionando
se
quisermos
novos
conceitos
sendo
desenvolvidos
internamente
–
afinal,
não
podemos
ficar
eternamente
atrás
da
concorrência,
copiando
tudo
o
que
os
outros
fazem,
sempre
um
passo
atrás. Para
surgirem
boas
idéias,
precisamos
ter
muitas
idéias
-
a
maioria
ruins.
Ao
analisar
o
trabalho
de
alguns
gênios
artísticos,
Sutton
descobriu
que
essas
pessoas
não
tinham
uma
porcentagem
maior
de
sucessos
–
elas
simplesmente
produziam
muito
mais,
e
de
formas
diferentes.
Ou
seja,
tinham
mais
sucessos,
mas
também
mais
fracassos.
Isso
funciona
para
empresas
também. Todos
odiamos
o
fracasso,
mas
a
verdade
é
que
até
hoje
ninguém
conseguiu
descobrir
um
jeito
de
só
ter
idéias
boas.
Não
existe
bola
de
cristal
que
nos
ajude
a
prever
se
uma
idéia
vai
realmente
decolar
ou
não.
Analise
sua
própria
empresa:
quantas
vezes
um
produto
ou
serviço
que
tinha
tudo
para
dar
certo
acabou
com
uma
performance
medíocre?
Quantas
vezes
somos
surpreendidos
por
um
produto
ou
serviço
que
alcança
resultados
positivos
inesperados?
Isso
acontece
o
tempo
inteiro:
é
quase
impossível
prever
resultados
concretos,
por
mais
‘bagagem’
que
sua
equipe
tenha. Somos
tão
ruins
em
prever
sucessos
e
fracassos
que
muitas
vezes
a
única
forma
de
descobrir
se
alguma
coisa
vai
funcionar
ou
não
é
experimentando.
Mas
o
que
fazer
se
não
funcionar?
A
maioria
das
empresas
castiga
de
alguma
forma
as
pessoas
envolvidas
no
projeto,
ao
invés
de
aprender
com
o
assunto.
Só
que
a
verdadeira
aprendizagem
ocorre
quando
as
coisas
dão
errado.
Alguém
que
só
teve
sucessos
não
aprendeu
muita
coisa,
e
possivelmente
não
saberá
o
que
fazer
caso
alguma
coisa
diferente
ocorra.
Logo,
as
empresas
têm
que
estimular
novos
projetos,
estimular
sucessos,
dissecar
e
aprender
com
os
fracassos
e
somente
castigar
a
falta
de
atividade
(principalmente
mental)
–
este
sim
o
maior
pecado
que
podemos
cometer. Um
dado
interessante:
de
acordo
com
Sutton,
que
estudou
profundamente
o
assunto,
a
melhor
forma
de
fazer
com
que
uma
idéia
funcione
é
acreditando
nela
de
verdade.
Mais
de
500
estudos
realizados
até
hoje
demonstram
claramente
que
a
crença
no
sucesso
de
uma
idéia,
mesmo
que
sejam
necessárias
determinação
e
persistência,
ajudam
enormemente
na
sua
realização.
O
engraçado
é
que
até
mesmo
acreditar
firmemente
em
idéias
erradas
pode
fazer
com
que
elas
acabem
dando
certo,
pois
mais
uma
vez
a
determinação
e
a
persistência
fazem
com
que
as
pessoas
continuem
lutando
e
se
adaptando,
transformando
o
conceito
original
errado
em
algo
que
no
final
dá
certo. E
é
isso
o
que
realmente
importa:
dar
certo.
Para
Sutton,
a
chave
do
sucesso
a
longo
prazo
não
é
a
habilidade
de
inventar
novos
produtos
ou
serviços,
mas
sim
a
capacidade
de
adaptação,
inventando
novas
formas
de
pensar
e
agir. Existe
uma
verdade
pouco
comentada
sobre
a
criatividade
lucrativa:
muitas
vezes,
os
melhores
resultados
são
conseguidos
simplesmente
copiando
idéias
antigas,
adaptando-as
para
as
novas
condições,
de
novas
formas,
em
novos
lugares,
novas
combinações,
etc. Num
mundo
em
que
temos
concorrentes
cada
vez
mais
agressivos,
consumidores
cada
vez
mais
exigentes,
e
condições
de
mercado
mudando
a
toda
hora,
a
criatividade
é
sem
dúvida
alguma
um
grande
diferencial
competitivo.
Entretanto,
a
criatividade
causa
desconforto,
pois
ela,
por
definição,
muda
a
forma
pela
qual
vemos
o
mundo
e
fazemos
as
coisas.
Para
sobreviver
e
prosperar
um
condições
cada
vez
mais
complicadas,
precisamos
aprender
a
lidar
com
esse
desconforto.
Mais
do
que
isso,
temos
que
fazer
todos
na
empresa
aprenderem
a
lidar
(e
aceitar)
as
mudanças,
e
até
mesmo
encorajá-las
e
estimulá-las,
para
não
correr
o
risco
de
terminarmos
rodeados
de
dinossauros.
E
quem
não
conseguir
se
adaptar
será
inexoravelmente
extinto.
O segredo então é continuar inovando, sem deixar de lado o que já está funcionando. Vamos aprender com nossos erros e continuar fazendo o que vem dando certo, adaptando as novas idéias de sucesso ao que já vem sendo feito. Quem fizer isso com certeza vai ganhar muito dinheiro.
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