NA IMENSIDÃO DO MAR

Quando chega a noite , embarco no meu navio e saio a navegar pela escuridão do mar.

Lá no meio do oceano encontro você, e começo a sonhar.

Navegamos juntos por mares nunca antes descobertos, que pensávamos nem existir dentro dos nossos corações, que não imaginávamos que guardassem tantas emoções.

No meio da noite o oceano é escuro, mas nos vemos, nos amamos, e ninguém fica sabendo.

Quando meu navio chega em alto mar e lhe encontra tudo vira uma ilusão, tudo acontece com harmonia, prazer e satisfação.

Você me avista no convés e caminha ao meu encontro e alcança o meu coração, e me rouba de mim mesma, me assalta de surpresa.

Eu me entrego de corpo e alma, esqueço tudo, mas é só porque estamos na escuridão do oceano e ninguém nos vê, ninguém nos percebe, ninguém nos persegue.

Lá, bem distante, no meio do nada, na calada da noite, você se faz meu, eu me entrego a você, vira tudo um prazer incontido, chega a ser desgovernado, sem rumo, sem atalhos, alucinado.

No meio do oceano de nossas almas não temos que fingir, não precisamos mentir, não devemos satisfações a ninguém, somos eu e você somente e tudo que a gente sente.

Quando navegamos juntos na escuridão, não temos receios, nem medos, não temos dúvidas nem lembramos que ao amanhecer nosso navio vai voltar para o cais e esqueceremos o que ficou pra trás.

No nosso navegar solitário eu me dou a você, me entrego toda, e eu nem percebo que você me devora com medo da hora passar e termos que voltar.

No fundo do oceano, na calada da noite, no escuro da madrugada eu sou sua, sempre sua e você se faz meu.

Quando você me toca, toca meu coração e eu te amo então.

Quando você coloca suas mãos sobre mim me sinto assim....... uma menina..... desvirginada pela madrugada.

Quando você me ama me alucina e me sinto a dona do oceano, da escuridão, da nossa embarcação.

Na calada da madrugada você me faz a dona de você e eu lhe faço o dono do mundo.

Na imensidão do oceano eu me afogo nos seus carinhos, me perco nos seus beijos e me entrego aos seus desejos.

Quando estamos a navegar, não temos nunca vontade de voltar, queremos mesmo é nos perder na infinita imensidão do mar e continuarmos a nos amar.

Acontece , que o dia sempre amanhece, nosso navio volta para o cais e temos que desembarcar dos nossos sonhos, deixar pra trás nossas ilusões, esquecer nossos momentos de amor, enfrentar a realidade e a dor da ausência, da nossa ausência, do nosso oceano...imenso...cristalino, solitário e ao mesmo tempo tão pequenino.

 

SILVANA DUBOC